Portugal incentiva mulheres a criar o seu próprio emprego
Aumentar a taxa de criação de novas empresas por mulheres é essencial para estimular a inovação e a criação de emprego nas nossas economias. Esta é uma das principais conclusões de um relatório da União Europeia, apresentado em finais de 2004, relativamente ao empreendedorismo feminino nos países membros da União.Ainda segundo este relatório, as mulheres criam, em geral, empresas de menor dimensão mas relativamente mais viáveis. No entanto, apesar de uma tendência crescente registada nos anos 90, a percentagem de empresárias na Europa continua baixa em relação aos empresários do sexo masculino.O débil enquadramento empresarial, a escolha de tipos e sectores empresariais, lacunas da informação, falta de contactos e de acesso à constituição de redes, discriminação e preconceitos sexuais, oferta fraca e inflexível de estruturas para o acolhimento de crianças e dificuldades na conciliação das obrigações empresariais e familiares estão na origem deste problema. De acordo com a União Europeia, é amplamente reconhecido que há grupos-alvo de empresários (como as mulheres, os jovens, as minorias étnicas) com necessidades específicas de apoio durante todo o ciclo de vida das empresas que criam. Entre eles, as empresárias constituem o maior grupo. A maioria dos países não tem adoptado medidas específicas para a promoção das empresárias. Portugal não é excepção.O Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), do Ministério da Segurança Social e do Emprego português, inclui a promoção da eficácia e da equidade das políticas de emprego e formação. Neste eixo foi introduzida uma medida para promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e melhorar a participação das mulheres no mercado de trabalho. Esta medida inclui o «Apoio ao Empreendedorismo de Mulheres», um projecto que visa apoiar as actividades empresariais das mulheres.O «Apoio ao Empreendedorismo de Mulheres» fornece apoio financeiro em domínios como a formação, a consultoria, o arranque de empresas e ainda a constituição de redes de informação. As associações empresariais femininas e as agências de formação podem recorrer ao programa de acção e actuar como intermediárias no fornecimento dos serviços solicitados.Estes agentes empresariais devem auxiliar as potenciais mulheres empresárias a consolidar a sua ideia empresarial, bem como prestar formação personalizada e aconselhamento técnico. Estes agentes organizam sessões de formação complementares para mulheres, orientadas para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras, o reforço da autoconfiança e para o desenvolvimento de capacidades de liderança e de negociação.Um dos programas que arrancaram em 2004 no âmbito do POEFDS, promovidos pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), foi o Jovens Empresárias para Novas Empresas (JENE). Actualmente na sua primeira edição, este programa tem duas acções a decorrer no Porto (com 18 formandas cada), uma em Leiria, Gouveia, Condeixa e Coimbra (com 12 formandas em cada acção) e uma outra em Faro (9 formandas).Carlos Freitas, director da área de formação e ensino da ANJE, explica que este projecto aposta na diferenciação positiva das mulheres empreendedoras e na promoção da própria atitude empreendedora com vista à criação do próprio emprego ou ao desenvolvimento de projectos inovadores no seio da entidade empregadora. «No JENE as pessoas entram com vontade empreendedora e o objectivo é saírem com o projecto concretizado», explica Carlos Freitas. De facto, este projecto começa por uma fase de formação convencional, em sala de aula, mas pode acabar com a criação de uma empresa. Após a formação, as formandas apresentam uma ideia de negócio a um júri. Se esse júri considera que a ideia tem potencial e a formanda espírito empreendedor, a futura empresária vai ter ao seu dispor uma bolsa de consultores, podendo escolher aqueles que mais se adequam ao seu projecto para a ajudarem a elaborar o seu plano de negócios.Para a criação da empresa, o POEFDS contribui com 5 mil euros. Na fase seguinte, a ANJE ajuda na criação de uma rede entre as novas empresas, que visa a partilha da informação e o acesso a ferramentas de gestão. Carlos Freitas explica que, para já, estão apenas a terminar a primeira fase a da formação em sala de aula, pelo que ainda não foram criadas novas empresas. Já no fim do primeiro semestre deste ano, a ANJE conta arrancar com a segunda edição deste programa em todo o país, incluindo o Alentejo, zona que não foi incluída na primeira edição do programa.Este projecto da ANJE surge na sequência de um outro no âmbito do empreendedorismo feminino, o projecto PIAF - Pólo Promotor de Iniciativas de Acolhimento, Apoio e Formação de Jovens Mulheres, que deve arrancar ainda este mês. Um dos principais objectivos deste projecto é o fomento da actividade empresarial das jovens mulheres através da atenuação das dificuldades sociais (e familiares), que tradicionalmente as tem afastado da construção de carreiras profissionais de sucesso, nomeadamente através do acesso a lugares de chefia ou da própria função empresarial. Armindo Monteiro, presidente da ANJE, afirma que «há um défice de empreendedorismo feminino, devido essencialmente à opção da maternidade», e a ANJE quer mostrar, com o PIAF, que «é possível e viável conciliar a maternidade com ter um negócio próprio».Constituindo um investimento de cerca de um milhão de euros, o PIAF, situado no Porto, junto à sede da ANJE, inclui uma Incubadora de Empresas, um Centro de Formação, um Centro de Apoio ao Emprego, um Jardim de Infância e uma Cantina. A ideia, segundo Armindo Monteiro, «é facilitar o desenvolvimento dos projectos das futuras empresárias até estes terem asas para voar, ou seja, até poderem integrar o mercado».
Aumentar a taxa de criação de novas empresas por mulheres é essencial para estimular a inovação e a criação de emprego nas nossas economias. Esta é uma das principais conclusões de um relatório da União Europeia, apresentado em finais de 2004, relativamente ao empreendedorismo feminino nos países membros da União.Ainda segundo este relatório, as mulheres criam, em geral, empresas de menor dimensão mas relativamente mais viáveis. No entanto, apesar de uma tendência crescente registada nos anos 90, a percentagem de empresárias na Europa continua baixa em relação aos empresários do sexo masculino.O débil enquadramento empresarial, a escolha de tipos e sectores empresariais, lacunas da informação, falta de contactos e de acesso à constituição de redes, discriminação e preconceitos sexuais, oferta fraca e inflexível de estruturas para o acolhimento de crianças e dificuldades na conciliação das obrigações empresariais e familiares estão na origem deste problema. De acordo com a União Europeia, é amplamente reconhecido que há grupos-alvo de empresários (como as mulheres, os jovens, as minorias étnicas) com necessidades específicas de apoio durante todo o ciclo de vida das empresas que criam. Entre eles, as empresárias constituem o maior grupo. A maioria dos países não tem adoptado medidas específicas para a promoção das empresárias. Portugal não é excepção.O Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), do Ministério da Segurança Social e do Emprego português, inclui a promoção da eficácia e da equidade das políticas de emprego e formação. Neste eixo foi introduzida uma medida para promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e melhorar a participação das mulheres no mercado de trabalho. Esta medida inclui o «Apoio ao Empreendedorismo de Mulheres», um projecto que visa apoiar as actividades empresariais das mulheres.O «Apoio ao Empreendedorismo de Mulheres» fornece apoio financeiro em domínios como a formação, a consultoria, o arranque de empresas e ainda a constituição de redes de informação. As associações empresariais femininas e as agências de formação podem recorrer ao programa de acção e actuar como intermediárias no fornecimento dos serviços solicitados.Estes agentes empresariais devem auxiliar as potenciais mulheres empresárias a consolidar a sua ideia empresarial, bem como prestar formação personalizada e aconselhamento técnico. Estes agentes organizam sessões de formação complementares para mulheres, orientadas para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras, o reforço da autoconfiança e para o desenvolvimento de capacidades de liderança e de negociação.Um dos programas que arrancaram em 2004 no âmbito do POEFDS, promovidos pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), foi o Jovens Empresárias para Novas Empresas (JENE). Actualmente na sua primeira edição, este programa tem duas acções a decorrer no Porto (com 18 formandas cada), uma em Leiria, Gouveia, Condeixa e Coimbra (com 12 formandas em cada acção) e uma outra em Faro (9 formandas).Carlos Freitas, director da área de formação e ensino da ANJE, explica que este projecto aposta na diferenciação positiva das mulheres empreendedoras e na promoção da própria atitude empreendedora com vista à criação do próprio emprego ou ao desenvolvimento de projectos inovadores no seio da entidade empregadora. «No JENE as pessoas entram com vontade empreendedora e o objectivo é saírem com o projecto concretizado», explica Carlos Freitas. De facto, este projecto começa por uma fase de formação convencional, em sala de aula, mas pode acabar com a criação de uma empresa. Após a formação, as formandas apresentam uma ideia de negócio a um júri. Se esse júri considera que a ideia tem potencial e a formanda espírito empreendedor, a futura empresária vai ter ao seu dispor uma bolsa de consultores, podendo escolher aqueles que mais se adequam ao seu projecto para a ajudarem a elaborar o seu plano de negócios.Para a criação da empresa, o POEFDS contribui com 5 mil euros. Na fase seguinte, a ANJE ajuda na criação de uma rede entre as novas empresas, que visa a partilha da informação e o acesso a ferramentas de gestão. Carlos Freitas explica que, para já, estão apenas a terminar a primeira fase a da formação em sala de aula, pelo que ainda não foram criadas novas empresas. Já no fim do primeiro semestre deste ano, a ANJE conta arrancar com a segunda edição deste programa em todo o país, incluindo o Alentejo, zona que não foi incluída na primeira edição do programa.Este projecto da ANJE surge na sequência de um outro no âmbito do empreendedorismo feminino, o projecto PIAF - Pólo Promotor de Iniciativas de Acolhimento, Apoio e Formação de Jovens Mulheres, que deve arrancar ainda este mês. Um dos principais objectivos deste projecto é o fomento da actividade empresarial das jovens mulheres através da atenuação das dificuldades sociais (e familiares), que tradicionalmente as tem afastado da construção de carreiras profissionais de sucesso, nomeadamente através do acesso a lugares de chefia ou da própria função empresarial. Armindo Monteiro, presidente da ANJE, afirma que «há um défice de empreendedorismo feminino, devido essencialmente à opção da maternidade», e a ANJE quer mostrar, com o PIAF, que «é possível e viável conciliar a maternidade com ter um negócio próprio».Constituindo um investimento de cerca de um milhão de euros, o PIAF, situado no Porto, junto à sede da ANJE, inclui uma Incubadora de Empresas, um Centro de Formação, um Centro de Apoio ao Emprego, um Jardim de Infância e uma Cantina. A ideia, segundo Armindo Monteiro, «é facilitar o desenvolvimento dos projectos das futuras empresárias até estes terem asas para voar, ou seja, até poderem integrar o mercado».
in "Diário de Notícias", 17/01/2005